Tuesday, February 6, 2007
Os violinos vão à escola
"Uma Orquestra de Violinos" é um projecto educativo, e de integração social, que ensina música em tempo escolar e abre portas para outras realidades aos alunos da Escola EB1 n.º 2 de Vialonga.
O som do violino faz-se ouvir todos os dias na EB1 n.º 2 de Vialonga. Por 40 minutos, os números e as letras dão lugar ao som das notas musicais. "Uma orquestra de Violinos" é o projecto responsável por tamanha alteração na vida escolar dos alunos desta escola, no concelho de Vila Franca de Xira.
A ideia surgiu ainda no ano lectivo de 2004/05. «Somos uma escola com uma população com dificuldades acentuadas que necessita de outras oportunidades e a música, que é uma componente importante, estava muito ausente», explica Arminda Soares, presidente do Conselho Executivo da EB1 n.º 2 de Vialonga. A isto junta-se o encontro casual com a professora de Música Rita Mendes, que gostava de fazer uma experiência pedagógica a este nível e provar que a aprendizagem da música pode ser feita em horário escolar.
Estavam dados os primeiros passos, mas eram precisos apoios para concretizar o sonho. O objectivo era levar os alunos, entre os 6 e os 8 anos, a aprender e apreciar violino, mostrar-lhes outras realidades e, quem sabe, abrir-lhes uma porta para o futuro. Divulgado o projecto, o Ministério da Educação disponibilizou-se para pagar à professora as aulas de música e a Câmara Municipal conseguiu o apoio da Centralcer, que ofereceu os instrumentos musicais necessários - 25 violinos e um teclado portátil.
Criadas todas as condições, o projecto foi lançado a 25 de Novembro de 2005. Os alunos gostaram da novidade e a comunidade escolar acreditou desde logo no projecto. A selecção dos alunos foi feita a partir de critérios de musicalidade. Um ano depois a orquestra de violinos envolve aproximadamente 30 crianças, divididas em dois níveis - os que começaram desde o início e os que chegaram este ano -, e ganhou dois novos professores, Jónatas Ferreira e Jean Aroutiounian, de origem arménia.
As aulas decorrem em período escolar, sem prejudicar a aprendizagem e aproveitamento das matérias que estão no programa, e têm a duração de 40 minutos. Os violinos - que ficam guardados na escola - saem religiosamente do armário para delicadamente poisarem nos ombros dos jovens pupilos e, ao sinal dos professores, começarem a vibrar nas suas pequenas mãos e a ecoar por toda a sala.
E não se pense que os alunos envolvidos neste projecto só tocam dentro das paredes da sala de aula. Os pequenos violinistas já actuaram na sessão de apresentação deste projecto, com a presença da Ministra da Educação, na festa de Natal da escola e num encontro intercultural promovido pela Associação de Professores para a Educação Intercultural. Para este ano esperam-se outras actuações.
O projecto é parte de um programa de integração social para estes jovens, permitindo-lhes um primeiro contacto, sustentado, com a música - actualmente a disciplina só está contemplada nos currículos do 5.º e 6.º anos - e conhecer realidades que vão par além da música da moda que ouvem no dia-a-dia com os amigos. Terá isto influência no futuro destas crianças? Armandina Soares garante que o balanço «tem sido muito positivo» e acredita que, inegavelmente, «esta iniciativa vai deixar marcas em todos eles». A presidente do Conselho Executivo vai mais longe e adianta que, entre as crianças, há pupilos que «têm futuro nesta área e chegados ao 4.º ano, devem seguir para o Conservatório».
A concretizar-se, a vinda do pólo do Conservatório de Música para Vialonga poderá vir a permitir que estes alunos possam dar continuidade aos estudos dentro da área.
Mas a iniciativa da Escola EB1 n.º2 de Vialonga não se fica por aqui. O sonho ganha asas e quer voar mais alto. «Queremos criar uma orquestra com diferentes instrumentos», adianta Armandina Soares. Um desejo que poderá vir a concretizar-se, até porque a Fundação Calouste Gulbenkian já se mostrou interessada em apoiar o projecto. Como confidencia Armandina Soares, «o violino foi apenas um cheirinho».
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